SURGIMENTO DA CASA EM GROAÍRAS
Em 20 janeiro de 2009 (terça-feira), o Preto Velho, Pai José de Aruanda, através da incorporação fundou na cidade de Groaíras, o Terreiro de Umbanda Pai José de Aruanda, na Rua José Antônio de Vasconcelos, Bairro Paulo Malaquias. Os encontros aconteciam apenas para membros da família. Assim começamos nossa trajetória espiritual nesta cidade. Aos poucos os parentes começaram a aderir ao novo culto, a nova religião e se interessar cada vez mais em entender a Umbanda. Meses se passaram, em 08 de maio de 2009 mudei para uma residência maior na Avenida Manoel Jeronimo, Bairro Paulo Malaquias, por conta de agora ir dividir tudo que me cercava com minha atual companheira Maria Meirelande Farias do Nascimento, logo que soube da minha religião abraçou-a, pois sempre foi curiosa pelas questões espirituais. Meirelande já trazia uma filha, Ana Letícia Farias do Nascimento, de outro relacionamento que não deu certo. Cuidei e cuido como se fosse minha também, nunca esqueci a primeira vez que Letícia me chamou de pai e até hoje eu sou o pai que ela considera.
Continuei guardando a religião apenas para a família carnal, pois temia o preconceito da sociedade, mais dia menos dia o rumo das coisas mudaria. Em uma tarde de trabalho o Caboclo Ubirajara, um dos mentores de nossa casa nos revelou que precisaríamos ajudar pessoas necessitadas de amparo espiritual e que há algum tempo o plano espiritual preparava esse caminho, agora dependeria apenas de nós para trilhar esse novo caminho. Em nossos ritos começaram a frequentar outras pessoas trazidas pelos parentes, primos e amigos mais próximos.
Continuei guardando a religião apenas para a família carnal, pois temia o preconceito da sociedade, mais dia menos dia o rumo das coisas mudaria. Em uma tarde de trabalho o Caboclo Ubirajara, um dos mentores de nossa casa nos revelou que precisaríamos ajudar pessoas necessitadas de amparo espiritual e que há algum tempo o plano espiritual preparava esse caminho, agora dependeria apenas de nós para trilhar esse novo caminho. Em nossos ritos começaram a frequentar outras pessoas trazidas pelos parentes, primos e amigos mais próximos.
Maio de 2010 mudei novamente de residência, onde hoje temos uma sede provisória de nossa casa de axé, rua Francisca Rodrigues Albuquerque, 295, esquina com a rua Vereador José Ximenes Azevedo, Paulo Malaquias. Nesse endereço começamos a organizar melhor nossos ritos e planejar uma estrutura que pudesse nos dar suporte físico e espiritual para continuar com os atendimentos aqueles que nos procuravam.
Em abril de 2011, minha esposa ficou gravida, o que marcou uma nova fase e mudança de endereço, pois almejamos algo melhor para nós, família crescendo. Na rua Luís José de Lima, mais não ficamos muito tempo. No dia 28 de março de 2012 voltamos para o endereço anterior, onde ficamos até o dia 30 de Abril de 2019. Em abril do mesmo ano registramos nossa casa de axé – terreiro – na União Umbandista dos Cultos Afro Brasileiros, no estado do Rio de Janeiro. Recebemos a carteirinha de filiado e demais documentos que iriam nos assegurar em casos de intolerância religiosa e possíveis problemas relacionados a religião.
Desde então a casa começou a crescer, se organizar e estudar mais afinco a religião. Nesse meio tempo tínhamos muitas orientações do plano espiritual sobre como deveríamos proceder nos atendimentos, pois já tínhamos uma média de 15 a 20 pessoas buscando ajuda espiritual, ou seja, precisávamos de espaço e dentro de casa não tínhamos como atender. No ano de 2013 construímos um espaço provisório para atendimentos.
Setembro de 2014, foi marcante para nossa história social e cultural, foi quando participamos a primeira vez do desfile cívico do município, o que fez nós, umbandistas, refletirmos sobre nosso papel na transformação social e também no que diz respeito levar conhecimento sobre a nossa religião a pessoas leigas e desprovidas desse conhecimento, daí o preconceito. Foi gratificante, pois fomos muito bem aceitos pela sociedade, fomos acolhidos e aplaudidos por centenas de munícipes.
No primeiro semestre de 2015 adotamos o nome de Casa de Oxóssi Groaíras. No mesmo ano, em 25 de julho, fui iniciado para o Orixá Odé, no Candomblé de nação Keto, pelo Babalorixá Diego de Odé – Oxóssi na Umbanda –no Ilé Asé Egbé L’ajò Ogùn Ereguedè – Itapevi – São Paulo – casa está com mais de 50 anos de fundação e descendente hoje do Axé Oxumarê na Bahia.
Com a minha iniciação no Candomblé passamos a trazer para nossos cultos uma organização melhor, onde a casa nesse período já pensava em crescimento e desmistificação da religião de Umbanda em nosso município. Durante todo esse processo de construção histórica no município, minha esposa sempre esteve ao meu lado, juntamente com nossas filhas, bem como os filhos de santo que hoje somam uma média de 30 membros adeptos da religião. Desses 30 membros 90% são do município o os demais de outros municípios vizinhos.
Em abril de 2016, minha esposa também foi iniciada no Candomblé para o Orixá Oyá, conhecida também como Iansã dentro dos ritos da Umbanda, na mesma casa em que fui iniciado.
Hoje a Casa de Oxóssi Groaíras tem um papel social de transformação, pois durante esses anos que estamos no município, enquanto religiosos, buscamos ajudar a todos, sem distinção, não somente prestamos ajuda espiritual, mais também no acolhimento e aconselhamento de famílias, adolescentes que por muitas vezes buscam orientações para a vida. Eu como Dirigente Espiritual da Casa tenho papel de pai para a comunidade religiosa, mais também de direcionador de caminhos, pois minha experiência de vida e espiritual me capacitaram para desenvolver o dom do sacerdócio. Não é uma tarefa fácil, ser pai no santo, muitas vezes abdicamos de nosso próprio lazer, da família para nos dedicarmos a outras pessoas que estão necessitando de amparo em seus caminhos. Nessa trajetória vi e ouvi muitos relatos sobre a religião, os preconceitos, os mitos, e dentro disso tudo hoje entendo que tudo que passamos é para nosso aprendizado, para que possamos desenvolver o papel do sacerdócio com mais leveza e sabedoria.
Em Maio de 2019 tivemos que mudar mais uma vez, pois ainda não conseguimos conquistar nosso espaço próprio. Hoje estamos situados na Travessa Francisco Cassimiro de Albuquerque, 15, Centro.
Costumamos dizer sempre dentro dos ritos afro que nós não somos diferentes das demais pessoas, somos escolhidos pelo orixá, somos capacitados para prestar ajuda àqueles que buscam em nós esse amparo social, físico, mental, espiritual ou qualquer outro tipo de anseio que todos nós seres humanos precisamos para ter uma vida mais equilibrada através da fé em Deus, nos Orixás e ancestrais.
Pai Edson de Oxóssi